domingo, 10 de novembro de 2013

Peça teatral "Across The Universe - O Musical" - Apresentação de 10/11/2013

Olá, pessoas!
Hoje trago a resenha crítica da peça "Across The Universe - O Musical", baseada no filme homônimo de 2007, e que foi apresentada em Brasília, do dia 7 ao dia 10 de novembro, no Teatro Oi Brasília, dentro do complexo de hoteis Royal Tulip Brasília Alvorada (antigo Blue Tree Brasília). Mais uma produção da Actus Produções, a peça foi um sucesso de crítica e de público. Fui acompanhado da Amanda Brants, da Alissa Kab e do André Marques, namorado da Alissa. Todos nos divertimos, rimos e choramos com esse maravilhoso espetáculo, que mostrou todo o potencial da produção teatral brasiliense, no que concerne à qualidade e elegância.
Obrigado a todos que lerem a resenha! Para deixar a leitura menos monótona, há um vídeo a cada parágrafo, e cada vídeo é uma música do espetáculo!
Mais uma vez, obrigado!
Abraços,
Caio César.


Ao longo dos meus anos de escola, aprendi que, na década de 1960, nos Estados Unidos, houve um movimento revolucionário da contracultura, que se opunha ao militarismo norte-americano e, principalmente, ao evento histórico de maior comoção desta época - a Guerra do Vietnã, que levou milhares de soldados estadunidenses e, em sua maioria, trouxe poucos deles vivos para casa. O movimento hippie, que culminou com a realização do Festival de Woodstock, em uma fazendo perto de Nova York, foi um protesto político e uma manifestação artística que mudou para sempre a história da música mundial - dele, saíram gênios como Janis Joplin e Jimi Hendrix. Uma banda que também foi de suma importância na disseminação da mensagem de paz e de amor que os hippies queriam passar foi The Beatles, um conjunto britânico que surgiu como uma espécie de primórdio de boy band mas logo se tornou um mito do rock. Suas músicas, tanto letras quanto arranjos e melodias, eram geniais, e se tornaram fonte de referência e de inspiração para muitas das bandas que vieram depois deles. Foi justamente a partir das músicas dos Beatles que, no espetáculo de hoje, pude sentir a presença da revolução do Flower Power mais de perto. Hoje foi dia de "Across The Universe".


Aos que não conhecem: "Across The Universe" é um filme de 2007, dirigido por Julie Taymor, e estrelado por Jim Sturgees, Evan Rachel Wood, Dana Fuchs, Joe Anderson, Martin Luther McCoy, e com participações especiais de Bono Vox, Salma Hayek e Eddie Izzard. A história do filme conta de Jude, um garoto que sai de Liverpool, Inglaterra, para encontrar o pai que nunca conheceu, e o acha nos Estados Unidos. Lá, encontra Max, um estudante universitário que nada quer com os estudos, e ele logo conhece Lucy, irmã de Max, por quem se apaixona. Os três vão morar em Nova York , como inquilinos de Sadie, uma aspirante a cantora, e Jojo, namorado dela. A eles, junta-se Prudence, menina tímida e calada, que esconde uma paixão platônica por Sadie. A trupe, então, se junta aos manifestos anti-guerra e começa uma jornada pela filosofia hippie, ao lado de personagens como Doctor Robert, Mr. Kite, entre outros. "Across The Universe" foi bem elogiado pela crítica especializada, e indicado a alguns importantes prêmios do cinema internacional.


A Actus Produções, responsável por montagens acadêmicas de musicais de renome como "RENT" e "Hair" - este, resenhado pelo Música Na Vida no ano passado - decidiu adaptar o filme "Across The Universe" para os palcos brasilienses. Com roteiro de Rafael Oliveira e direção geral de Élia Cavalcante, a peça "Across The Universe - O Musical" modificou um pouco o roteiro do filme, mas manteve a essência da história - tanto a lição sobre o amor e a paz, quanto a crítica política às guerras - e, obviamente, as músicas dos Beatles que, numa atitude cautelosa porém corajosa, foram mantidas em inglês, enquanto as falas dos personagens foram traduzidas para o português. Fui ao espetáculo em boa companhia: Amanda Brants (sempre presente), Alissa Kab (que é muito fã de Beatles e toca várias das músicas do grupo no piano) e o namorado de Alissa, André Marques (que também gosta bastante de Beatles, e adorou o espetáculo).


A banda executou com perfeição os clássicos do quarteto de Liverpool, e não faltaram hits, fossem eles presentes ou ausentes no filme. Estavam presentes: "All My Loving", "Helter Skelter", "With a Little Help From My Friends" (uma das mais divertidas performances do espetáculo), "Let It Be" (um show de interpretação e de alcance vocal, graças à Isabelle Luz, que já havia provado seu talento em "Hair - Deixe O Sol Entrar"), "It Won't Be Long", "If I Fell", "Why Don't We Do It In The Road?" (bem sexy com Isis Monteiro interpretando Sadie), "Dear Prudence" (muito bem interpretada por Louise Boeger, que incorporou a personagem de T.V. Carpio), "I Am The Walrus" (Rodrigo Tanuri, o impagável Doctor Robert, coberto de LEDs, foi a sensação!), "Because", "Oh! Darling", "Strawberry Fields Forever" (apesar de ser completamente diferente da performance original, foi uma das mais emocionantes músicas executadas, na minha nada humilde opinião), "Hey Jude", entre outras. Além destas, algumas outras canções dos Beatles, não incluídas no filme, foram encaixadas na história, como "Yesterday" (em uma emocionante e visceral interpretação de Alberto Friedman, no papel de Wesley, pai de Jude) e "Help".


Eu havia assistido "Hair - Deixe o Sol Entrar" no ano passado, e uma das minhas críticas foi a imaturidade de alguns atores do elenco, além de algumas irregularidades presentes na própria montagem. Em "Across The Universe - O Musical", porém, percebi que tais pontos foram solucionados - o elenco estava bem afinado (tanto na voz quanto na interpretação cênica), e a estrutura menor do palco (a peça foi realizada no Teatro Oi Brasília, localizado dentro do hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, ao invés de na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, como fora o "Hair") ajudou a dar um acabamento mais luxuoso à montagem. Com uma estrutura simples porém multiuso, o cenário era feito em níveis, dando abertura para a simultaneidade de cenas e acontecimentos, o que pode ser diversificado cenicamente mas um tanto confuso para o público - é difícil prestar atenção em tudo ao mesmo tempo. O espetáculo foi maravilhoso, e o público agradecia efusivamente em uma chuva de aplausos a cada música - não sou muito a favor de bater palmas no meio da peça, mas confesso que não me contive em músicas como "Yesterday", "Let It Be" e "I Am The Walrus".


De forma geral, só tenho uma coisa a declarar: estou cada vez mais animado com as produções de musicais no Brasil, mas lamento muito que não tenhamos teatros com estrutura para receber longas temporadas destes espetáculos incríveis. Enquanto, em Nova York e em Londres, peças magníficas como "O Fantasma da Ópera" e "Chicago" estão em cartaz há vários anos, "Across The Universe - O Musical" teve apenas quatro dias de apresentação. É uma pena que eu não tenha uma nova oportunidade de assistir a este show...


Videoclipe de "Come Together", interpretada pelo elenco da peça "Across The Universe - O Musical"


Um comentário:

  1. Nossa, como eu queria ter visto... Pelo menos lendo à crítica dá pra saber um pouquinho como foi o espetáculo :-D

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